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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Rebordaínhos preserva Reis à moda antiga + video

A tradição secular de cantar os Reis ainda se cumpre em Rebordaínhos, no concelho de Bragança. Quatro cantadores, acompanhados por um careto vestido a rigor, percorrem a freguesia e entram em todas as casas para cantar os Reis e rezar pelas almas.


As pessoas oferecem bolo, bombons e bebidas, mas não esquecem a esmola para as almas, uma espécie de homenagem àqueles que já partiram.
A festa é organizada pelo mordomo das almas, que é a pessoa responsável pela gestão das esmolas e por mandar rezar as missas durante o ano. No dia de Reis, que, actualmente, é celebrado no domingo mais próximo, visto que durante a semana há muitas pessoas que não estão na aldeia, o mordomo é o responsável pelo repasto. Este ano, Maria Augusta Pires é a mordoma das almas. Anteontem, a manhã foi passada a preparar o almoço para o careto e cantadores. “Tenho vitela, cordeiro, leitão, chouriça, polvo frito, pão e vinho”, enumera a mordoma.


Para além de mandar rezar as missas, Augusta Pires afirma que gostaria que o dinheiro chegasse para mandar fazer três cruzes, que, antigamente, existiam nas três entradas da aldeia. É uma tradição que esta habitante de Rebordaínhos, recém-chegada de França, gostaria de revitalizar. “Vamos ver se conseguimos dinheiro”, acrescenta.
A chuva que caiu na manhã de anteontem não demoveu os cantadores, que iniciaram a ronda pelas casas nos lugares anexos e terminaram na sede de freguesia. O careto, com uma foice numa mão e a maçã onde mete as gorjetas na outra, não pára de correr pelas ruas, transformando este dia numa festa animada, em que ninguém leva a mal as suas travessuras. “Antigamente, havia caretos que deitavam um ou dois chouriços abaixo com a foice, porque aqui a maioria das pessoas tem fumeiro em casa. Mas este porta-se bem”, enfatiza António Rodrigues, de 51 anos.
Este habitante de Rebordaínhos canta os Reis há 10 anos e garante que esta tradição tem condições para se manter. “Tem uma componente religiosa forte e as pessoas estão muito envolvidas, porque o dinheiro que juntamos é para as almas”, acrescenta o cantador.

População de Rebordaínhos teima em manter viva tradição secular com uma forte componente religiosa.

As vozes são todas diferentes, o que, por vezes, torna a percepção dos versos complicada. No entanto, a maioria das pessoas já conhece bem as cantigas que vão passando de geração em geração. “Em tais festas como estas; Cantam-se os reis aos fidalgos; Também nós os cantaremos; A estes senhores honrados. Rei Gaspar e Baltasar; São três reis com Belchior; Todos os três vão adorar; Jesus Cristo Redentor” são alguns dos versos que os cantadores vão entoando de casa em casa.
Ao longo dos anos, o tipo de esmola doada pelas pessoas foi-se. Enquanto, antigamente, os habitantes da freguesia davam cereal, batatas, ovos ou castanhas, actualmente, a esmola é em dinheiro. “Naquele tempo não havia dinheiro. Cada um dava o que tinha”, conta António Rodrigues.
Os tempos mudaram, as ofertas também, mas a população de Rebordaínhos teima em manter viva uma radição secular, que é seguida pelos jovens da aldeia, que não se cansam de correr atrás do careto.


Rebordaínhos mantém tradição dos Reis à moda antiga veja o video aqui:




Fotografia: Rui Ferreira
Por: Teresa Batista
Jornal Nordeste

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