Há centenas de toneladas de castanhas armazenadas nas adegas dos agricultores transmontanos e que não estão a ter escoamento.
A produção de castanha é das poucas actividades que ainda vai contribuindo para o lucro dos agricultores, mas este ano, em algumas zonas do concelho de Bragança, não há quem a compre.
Os produtores começam a desesperar.
Dizem os mais velhos que não há memória de um ano como este em que as castanhas se acumulam nos armazéns sem se conseguirem vender.
Em algumas zonas de produção do concelho de Bragança, os agricultores estão com dificuldades em escoar o fruto.
É o caso de José Luís Marrão, de Oleiros, que tem cerca de cinco mil quilos para vender.
“Ainda ninguém anda a elas. Já fui lá em cima, onde as compram, e ninguém faz caso da gente. Nunca me lembro. É para as apanhar mais baratas. Em vez de ganhar o lavrador alguma coisa, ganham-no eles”, lamenta.
Com o passar do tempo e sem fazer negócio, os agricultores temem que a castanha só seja vendida no final da campanha, altura em que o preço do quilo é menor.
Mas Lázaro Martins, outro produtor de Espinhosela, que tem sete mil quilos em armazém, acredita que não vão ficar por vender.
“Não estou preocupado porque devem vir cá buscá-las. Ainda não houve caso nenhum em que tivesse cá ficado. Temos tido anos em que a vendemos mais cara, outros mais barata. Mas segundo dizem, eles não dão preço e, assim, também não sabemos.”
O presidente da junta de freguesia de Espinhosela, Telmo Afonso, compreende a ansiedade dos produtores, pois a castanha ainda é a produção que vai gerando algum rendimento.
“Nas nossas aldeias, com a população envelhecida, um suplemento que têm ao fim do ano para poderem viver melhor é a produção de castanha. Se puderem vender por dez, não vendem por cinco. Quem tenha dez mil quilos de castanha, uma diferença de dez cêntimos por quilo é muita diferença.”
A juntar ao rol de preocupações há ainda o facto de as castanhas armazenadas nas adegas perdem peso e qualidade.
O presidente do conselho de administração da Sortegel, uma das empresas da região que comercializa e transforma castanha, diz que as queixas dos agricultores não têm fundamento.
“Estamos a comprar a castanha em todo o lado. Mas não temos meios para a comprar toda ao mesmo tempo.”
Vasco Veiga acrescenta que a contribuir para esta situação pode estar também a disparidade de preço.
“Estamos a praticar preços até onde podemos ir. Isto dos preços é muito complexo. A castanha tem de servir para os agricultores ganharem dinheiro, para os angariadores ganharem dinheiro, para os distribuidores ganharem dinheiro e chegar a bom preço ao consumidor final. Se alguém elo da cadeia se quebrar, pode acontecer que fique por vender.”
Segundo a Sortegel, tem-se verificado uma quebra nas vendas tanto no mercado de fresco como no de congelado, muito por causa da crise económica mundial.
Escrito por Rádio Brigantia
E eu digo mais, não é só no concelho de Bragança, tambem em Vinhais concelho, as coisas não correram da melhor maneira, quando temos tudo para que corresse.
Temos uma fábrica em Vinhais , tivemos excelente produção de castanha em qualidade e quantidade e depois ou não se vende ou a que se vende é baratissima que não compensa o trabalho e o dinheiro que já se gastou nos castinheiros.
Eu não me vou alongar muito porque depois posso escrever aquilo que não quero.
Então admite-se que na fábrica em Vinhais( Cacovin) ´paguem as castanhas a metade do preço que os compradores que andam nas aldeias pagam ??
Foi isso que aconteceu nalguns dias, porque o preço em Vinhais estava a mudar constantemente.
Não pode, como não pode outras coisas que se estão a passar no negócio da castanha que é o único fruto que Vinhais e Bragança exportam para todo o mundo , e eu todos os anos vejo as coisas a complicarem-se para o lado dos productores que cada vez vendem mais barato e são os mais prejudicados .
Haveria muito mas mesmo muito para falar em relação a isto mas só peço as autarquias, aos presidentes de câmara e aos nossos responsáveis, que elevem o negócio da castanha a um patamar de excelencia que é isso que ela merece, e que só trará coisas boas ao nordeste e aos produtores deste excelente fruto que bem merecem.
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