Paçó era aldeia da agricultura e do fumeiro, cresceu em arquitectura mas perdeu em “povo cheio”
No concelho de Vinhais, distrito de Bragança, respira a aldeia de Paçó.
Enquanto freguesia, situada em pleno Parque Natural de Montesinho, abrange uma área de 40 quilómetros quadrados, distribuída pelos lugares de Paçó e Quintela.
Com um vasto património cultural e edificado, destaca-se a Igreja Paroquial de S. Julião, a Capela de S. Lourenço, o Cruzeiro, fontes românicas, a fraga da Moura, o castro, vários moinhos e o Santuário de Nossa Senhora da Ponte.
Outro dos locais de grande interesse turístico é a zona de caça, que elege como alvos preferenciais a lebre, o coelho e o javali.
Numa terra em que se “colhe de tudo”, a agricultura exerce, agora, um plano secundário, dado o escasso número de pessoas que lhe dedicam o seu tempo.
Os entrevistados, nascidos na povoação, muitos já correram o mundo, e partilham da triste visão que, um dia, aldeias como Paçó morrerão, ao cair no esquecimento de uma geração de jovens cujo futuro não passa, nem pode passar pela agricultura. Devido, em grande parte, ao pouco rendimento que se lhe retira em termos financeiros. “Daqui a 20 ou 30 anos, aldeias como Paçó acabam. Ninguém quer aprender, nem sabem. E o governo também não ajuda. Quando os do meu batalhão acabarem... Mas os jovens também não podem, que isto não dá dinheiro”, admite João Oliveira.
A freguesia é conhecida, também, por Paço de Vinhais para se distinguir de outras povoações com nomes semelhantes
O fumeiro, esse, não foi esquecido e mantém-se, ainda, numa posição privilegiada no Entrudo Transmontano.
Em cultura, Paçó destaca-se no artesanato com o calçado, as rendas e os bordados. Imersa num conteúdo histórico milenar, Paçó foi vila por foral de D. Dinis em 1310. Dois séculos passados e, em 1512, D. Manuel I concedeu novo foral à povoação, nomeando-a sede de concelho, extinto, depois, no ano de 1836. Com pouco mais de uma centena de habitantes, Paçó é uma aldeia cujas actividades económicas se baseiam tão somente na agricultura, na pecuária e no pequeno comércio.
A Festa de S. Julião acontece a 7 de Janeiro.
No centro da aldeia, frente ao pelourinho, fica a igreja matriz com o mesmo nome. No interior, é de sublinhar o seu acervo patrimonia: a talha barroca no altar-mor, nos laterais e nos retábulos, para além das pinturas do século XVIII nos tectos. Já no Santuário de Nossa Senhora da Ponte. Ermida, de construção recente, reúne-se uma vasta audiência durante o segundo fim-de-semana de Julho. Em Agosto, acontecem as Festas e Romarias de Santa Bárbara, S. Lourenço e Santa Marinha, povoadas de emigrantes que, por altura do Verão, regressam às origens mergulhados na saudade.
Por: Bruno Mateus Filena
Jornal Nordeste
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