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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Vencedores anunciados nas autárquicas aumentam em Bragança e Vinhais



Mais de 40 freguesias do distrito de Bragança têm já vencedor anunciado nas autárquicas com um aumento do número de casos em que apenas um partido se apresenta a eleições por impossibilidade de formar mais listas.



Partidos e candidatos apontam a falta de gente como uma das principais causas do fenómeno que se revela favorável ao partido no poder na Câmara Municipal dos respectivos concelhos.

O PSD lidera há oito anos os municípios e concorre sozinho a dez das 26 freguesias de Mogadouro, e a 13 das 38 do concelho de Macedo de Cavaleiros.

O PS concorre sem adversários a 18 das 28 freguesias do concelho de Vinhais, onde é poder há 16 anos.

O presidente da Câmara, Américo Pereira, candidata-se ao segundo mandato, depois de ter "herdado", há quatro anos, a presidência que o socialista José Carlos Taveira conquistou num antigo bastião social-democrata.

Longe dos tempos da hegemonia PSD, o candidato do partido à Câmara, Carlos Costa, queixa-se de que "é quase impossível conseguir fazer listas para as juntas, a quem está na oposição".

"Porque há pouca gente é impossível fazer uma lista com 12 pessoas. Os cadernos eleitorais têm mais de 150 inscritos, mas na prática são 60 ou 70 e 20 ou 30 estão fora", exemplificou.

O segundo candidato do PSD à Câmara de Mogadouro, o social-democrata João Henriques, prefere acreditar que esta situação se deve "ao bom trabalho" que os que concorrem desempenharam e "à falta de apoio" àqueles que não conseguem fazer listas".

A preocupação deste candidato é "o perigo da abstenção", por temer que "as pessoas fiquem em casa por pensarem que já está decidido".

Em Macedo de Cavaleiros, o socialista Rui Vaz, candidato à Câmara, acusa o PSD de ter contribuído para impedir a elaboração de mais listas com "a recolha desenfreada de assinaturas para as listas deles".

Ainda assim, disse não ter "receio de que possa influenciar o resultado para a Câmara", lembrando, que outro socialista, Luis Vaz, perdeu a autarquia há oito anos e "tinha vencido em 25 das 38 freguesias".

Para o presidente da federação distrital de Bragança do PS, Mota Andrade, a falta de alternativas "não é bom para a democracia", mas entende que o fenómeno se resume às pequenas freguesias.

"Basta o mesmo (presidente de junta) que foi pelo PS, na vez seguinte ir pelo PSD para secar tudo à sua volta", exemplificou.

Para Mota Andrade "é evidente que a desertificação ajuda a que cada vez mais possa acontecer" e prevê que "a prazo terá de haver um reordenamento geográfico dessas freguesias" para ganharem dimensão.

Já o presidente da distrital de Bragança do PSD, Adão Silva, teme que esteja a iniciar-se um fenómeno de "corrosão da democracia pelos pés", que começa por afectar a base (a freguesia) e pode estender-se a outros patamares.

Para Adão Silva, o despovoamento e envelhecimento das aldeias está a fazer com que se perca a "tensão social criativa, produtiva que resulta da diferença ideológica", o chamado "conflito criador".

"Havia sempre um grupo de fiéis (dos partidos) que mantinha a chama acesa. O que se verifica desta vez é uma espécie de esmorecimento", disse.


Fonte:Lusa

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