Há 4 anos que Américo Pereira enfrenta uma forte oposição do PSD, quer nas reuniões de Câmara, quer na barra dos tribunais. Vencida uma batalha no Tribunal Administrativo de Mirandela, o autarca condena o regresso de Sobrinho Alves à política e lembra que PSD tem um vereador que chegou ao cúmulo de, permanentemente, não votar a favor das transferências de verbas para as freguesias
Jornal Nordeste (JN) - Que balanço faz destes 4 anos de mandato? Que obras considera mais emblemáticas?
Américo Pereira (AP) – Faço um balanço muito positivo. Apesar de muito se ter trabalhado em mandatos anteriores, o que é certo é que as aldeias continuavam a precisar de muitas infra-estruturas e equipamentos para que os seus residentes tenham as melhores condições de vida. E ainda continuam a precisar, porque é impossível conseguir concretizar tudo.
Na vila a aposta foi muito forte e vamos continuar. É preciso continuar a investir nos equipamentos, na modernização e em atractivos em termos turísticos. Para os próximos tempos temos a estação de camionagem, o centro cultural, o museu/centro de interpretação do porco e do fumeiro, o circuito turístico, a circular interna, o arranjo da entrada poente e norte, a requalificação de algumas ruas e o alargamento da zona industrial. Mas a nossa grande prioridade vai ser continuar a aposta forte no turismo, uma vez que já demos passos bem seguros e cujos resultados estão à vista.
JN - O que o marcou mais pela positiva nestes anos de gestão autárquica? E pela negativa?
AP - O mais positivo foram os resultados muito animadores na parte do turismo, pois Vinhais passou a fazer parte do destino de férias e de fim de semana para muita gente e por isso este caminho é para continuar.
Mas também temos aspectos negativos que muito me entristecem e que têm a ver com o desemprego. Tive azar em ser presidente de Câmara numa altura em que a crise internacional dificulta muito o início da vida aos jovens no que diz respeito ao mercado de trabalho. Sinto-me angustiado, triste e por vezes quase impotente, quando vários jovens me pedem ajuda em termos de emprego e não conseguimos dar resposta. Tenho esperança que as coisas melhorem brevemente.
JN - Lamenta a não concretização de algum projecto ou tem conseguido levar por diante tudo aquilo que idealizou no programa eleitoral apresentado em 2005?
AP - Penso que em termos gerais, temos vindo a desenvolver o trabalho que os eleitores de nós esperavam. No entanto, se há algo que sempre muito me preocupou e que me continua a preocupar são as acessibilidades à futura auto-estrada transmontana. Apesar de a ligação a Mirandela estar neste momento a ser melhorada, o que já é um bom contributo, continuamos muito preocupados com a ligação a Bragança, pois uma nova estrada é absolutamente fundamental.
JN - Acredita que o Governo de José Sócrates vai desencravar o concelho de Vinhais em termos rodoviários?
AP - Acredito, sinceramente acredito. Esta ligação a Bragança terá que ser construída. O cenário de Vinhais estar perto da capital de distrito, mas servido com uma boa rodovia, é algo de muito positivo para as duas localidades. Caso contrário, o cenário é péssimo para ambos os lados. O sr. Secretário de Estado Dr. Paulo Campos comprometeu-se em Vinhais com esta obra. Espero que o Estado cumpra a palavra dada.
JN - Continua a pensar que a região de Bragança ficaria melhor servida com a continuação da Auto-Estrada Chaves-Bragança?
AP - Sem dúvida. A solução Chaves-Bragança serviria muito melhor a região. Penso eu e pensa muita gente, nomeadamente os autarcas do Tâmega e do Barroso e também algumas pessoas do próprio Ministério das obras Públicas e que trabalham no planeamento.
Com esta solução ficaríamos com duas alternativas para aceder a Bragança: com via rápida, que é o IP4 e com uma auto-estrada e com uma solução muito mais barata e um percurso muito mais rápido. Não nos esqueçamos que de Chaves a Bragança em perfil de Auto-Estrada, são pouco mais de 60 Km e com um terreno muito mais adequado.
JN - Ficou surpreendido quando alguns presidentes de Junta eleitos pelo PSD em 2005 aceitaram concorrer pelo PS nestas autárquicas?
AP - De forma nenhuma. Isso acontece por vários motivos: é frequente as pessoas candidatas às Juntas de freguesia, optarem por partidos diferentes, conforme o acto eleitoral e isto porque, na verdade, nas eleições autárquicas o que pesa, o que conta são as pessoas e muito mais que os partidos. Depois temos o facto de ao longo do mandato ter estabelecido com todas as Juntas de Freguesia uma relação de grande proximidade, de colaboração e de verdade.
E por último, desde muito cedo começou a ficar muito claro, que o PSD em Vinhais não tinha gente que pudesse protagonizar uma verdadeira alternativa, bem antes pelo contrário, pois ao longo do mandato tomaram uma atitude de permanente guerrilha contra mim, contra as próprias juntas, contra as pessoas e contra as obras e imagine-se que chegamos ao cúmulo de um Sr. Vereador do PSD de permanentemente não votar a favor das transferências de verbas para as freguesias. Com tudo isto, claro está que o desfecho é o que se sabe.
“Sobrinho Alves é um homem muito dedicado, que em cargos só é batido pelo seu colega de armas Valentim Loureiro”
JN - Considera um regresso ao passado o facto de Sobrinho Alves ser candidato à presidência da Assembleia Municipal?
AP - É candidato a Presidente da Assembleia Municipal, candidato a presidente da Junta de Celas e penso que também a uma Associação de Caçadores. É um homem muito dedicado, que em cargos só é batido pelo seu colega de armas Valentim Loureiro. Não é um regresso ao passado, porque estou convencido que os eleitores não vão fiados em tretas. Imagine que esse senhor justifica o seu regresso com o facto de se querer vingar de ter perdido as eleições há 16 anos atrás.
Imagine se uma coisa destas é possível? Alguém que passados tantos anos ainda se move por vinganças. Claro está que já se está mesmo a ver qual será o resultado: nem ganha a assembleia, nem a Junta e palpita-me que até fica sem a Associativa de Caça. Aliás, tenho pena que o PSD tenha apresentado uma lista de candidatos em Vinhais, que se movem apenas por motivações pessoais: ou porque querem vingança, ou porque foram corridos disto ou daquilo, ou porque são eternamente do contra e o resultado está à vista: os eleitores não apreciam este tipo de atitudes e por isso mesmo nem sequer conseguiram arranjar candidatos às Freguesias.
JN – Acha, então, que a atitude de Sobrinho Alves é pouco sensata?
AP - Sabe, este Senhor foi presidente da câmara de Vinhais e no cumprimento do seu dever também fez muitas coisas boas, deixou alguma obra e com certeza que alguns amigos.
Mas com este tipo de atitudes deita tudo a perder, estragou tudo e a sua memória ficará conhecida apenas pelo facto negativo, de alguém que, apesar da idade, ainda procura vingança. Lamento muito, mas é a vida…
JN - O candidato do PSD moveu-lhe alguns processos judiciais e administrativos. Acha isto legítimo ou é uma forma da candidatura adversária arrebanhar votos “na secretaria”?
AP - Nem sequer chega a ser isso, porque quando começaram com os processos, ainda nem se sabia quem eram os candidatos. Há duas maneiras de fazer politica: uma é através do confronto e debate de ideias e a outra, que apesar de ilegítima também é usada é o recurso às queixas, às denúncias, à maledicência, aos boatos e aos tribunais.
É muito fácil recorrer a um Tribunal, fazer uma queixa, sabendo que a comunicação social, faminta de notícias sensacionais, fará disso um grande destaque. Simplesmente, quem recorre a esses métodos, não deve ter família, nem amigos, nem honra, senão percebia, que esse tipo de atitudes e esse tipo de notícias, deixa marcas fortes, deixa sempre algo no ar de suspeita, tira algumas noites de sono e mancha o bom nome de qualquer pessoa.
A tutela penal é fundamentalmente do estado e os tribunais deveriam ser muito severos com aqueles que os pretendem utilizar para fazer política, para lançar confusão e suspeitas nas pessoas e que utilizam as alturas eleitorais como foi o caso.
JN - Nota-se que está muito magoado com o PSD…
AP - Claro que estou, porque o recurso a tribunal não teve pés nem cabeça, o juiz indeferiu completamente aquilo tudo.
Quiseram apenas achincalhar-me e humilhar-me. Não é com o PSD, que estou magoado é com algumas pessoas que agem em nome do PSD, porque os verdadeiros PSDs tenho a certeza que estão com a nossa candidatura, porque sabem que nunca distingui pessoas devido à cor partidária e não se revêem na outra candidatura, e os verdadeiros PSDs não aceitam os protagonistas da candidatura contrária, exactamente porque têm tido uma postura incorrecta.
Fonte:Jornal Nordeste
Por:Entrevista João Campos
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