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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Linguagem em código tramou arguidos do processo Nordeste Explosivo



Foi a linguagem em código utilizada pelos vários arguidos no processo Nordeste Explosivo que levantou as suspeitas da Polícia Judiciária, que julga ter desmantelado este ano uma rede de tráfico de armas e de explosivos em todo o Nordeste Transmontano.


No julgamento, que começou esta terça-feira, a acusação desvendou os códigos utilizados.

Os arguidos do processo Nordeste Explosivo, que começaram ontem a ser julgados, em Alfândega da Fé, comercializavam dinamite e outros explosivos e em código anunciavam castanhas, sardinhas ou cimento, de acordo com a Ministério Público.

A linguagem em código, interceptada em escutas feitas pela PJ adensou as suspeitas em torno do tráfico ilegal de explosivos no Nordeste Transmontano, que desencadeou a operação que levou à detenção de 17 arguidos e à apreensão de duas centenas de quilos de explosivos e outro material, para além de várias armas.

Manuel Reis foi um dos detidos pela PJ, em Fevereiro, e um dos poucos dos que estão a responder em tribunal que quis falar para a comunicação social.

Em declarações à Lusa, o arguido faz eco da “revolta” comum aos restantes, por terem sido associados a “terroristas da ETA”.

Garantiu que todos sabiam que eram necessárias licenças para a utilização deste material, mas culpam o sistema por terem de recorrer a “expedientes”.
Reconhece, no entanto, que “tem de se ter cuidado para estas substâncias não irem parar a mãos erradas”, até porque o principal arguido do processo, o empresário de Alfândega da Fé, Jorge Pinheiro, vendeu os explosivos que mataram, em 1999, duas mulheres num atentado à bomba, na aldeia de Moredo, Bragança.
Manuel Reis foi “apanhado nas escutas a pedir material ao Pinheiro” para lhe fazer um serviço.

Os termos em que ocorriam estas conversas telefónicas são realçados na acusação do Ministério Público, que realça a “utilização de códigos, entre os arguidos, para designar diferentes artigos”.
À gelamonite chamavam “cimento branco”, “batatas”, “castanhas”, “sardinhas” ou “supositórios” aos detonadores.
Quem fornecia os explosivos era Jorge Pinheiro que, como refere a acusação, tem cédula válida até 2013 de operador de substâncias explosivas, mas “em vez de os utilizar como estava autorizado, passou a vendê-los a diversos indivíduos sem títulos de licenças ou necessárias autorizações”.

Os restantes arguidos são empreiteiros, trolhas, vendedoras e outros empresários ligados à construção, entre os quais se encontram os presidentes das freguesias de Murcós e Cortiçós, no concelho de Macedo de Cavaleiros.

Os arguidos incorrem em penas que podem ir até cinco anos de prisão por tráfico ilegal de explosivos e alguns também por posse de armas sem licenças, nomeadamente o empresário Jorge Pinheiro, a quem a PJ apreendeu várias armas, algumas de uso militar, nomeadamente uma G3.

Os arguidos são dos concelhos de Alfândega da Fé, Torre de Moncorvo, Macedo de Cavaleiros, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães e Mirandela.

O julgamento tem já novas sessões marcadas para 22 e 24 de Novembro.


Escrito por Brigantia/Lusa

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