Recorde-se que, em 2007, foi apresentado um mega-projecto de produção de energia eólica, que contemplava a instalação de aerogeradores em diversas zonas do Parque Natural de Montesinho (PNM). Mofreita (Vinhais), Zeive, Soutelo, S. Julião de Palácios, Rabal, Deilão e Babe (Bragança) foram algumas das freguesias contempladas para a colocação de ventoinhas.
Para garantir a disponibilidade dos terrenos numa zona considerada “a pérola” para produção de energia eólica, a empresa tem vindo a pagar renda das propriedades a Juntas de Freguesia e Comissões de Baldios. Apesar da Scottish Southern Energy Renewables preferir não revelar o montante investido na região, o Jornal NORDESTE sabe que há autarquias a receber mais de 2500 euros por ano pela renda dos terrenos, um valor que tem vindo a ser actualizado pela empresa irlandesa, ano após ano.
Os autarcas da região também estão do lado do projecto.
O presidente da Junta de Freguesia de Rabal, Paulo Hermenegildo, defende a concretização dos parques eólicos, considerando que é fundamental para garantir a autonomia financeiras das Juntas de Freguesia face ao poder central. “Iremos receber cerca de 10 mil euros/ano por cada aerogerador instalado, o que nos traria receitas suficientes para avançarmos com projectos importantes para as freguesias”, salienta o autarca.
Três anos após a apresentação do projecto, a Scottish Southern Energy Renewables já colocou cerca de nove torres meteorológicas em zonas estratégicas do PNM, que permitem medir a velocidade do vento em tempo real.
Instalação de parques eólicos só poderá avançar depois do governo abrir concursos para a atribuição de potência na região
Com funcionários permanentes no terreno, a concretização do projecto da empresa irlandesa depende, agora, da abertura de concursos para a atribuição de potência na região. “Em Portugal não abrem concursos para a atribuição de potência desde 2008 e nessa data não foi contemplada esta zona do País”, constata o director de estratégia e comunicação da Scottish Southern Energy Renewables, Alexandre Ipolliti Carrelhas.
No entanto, o responsável garante que o mega-projecto eólico não está parado, visto que antes de avançar para a instalação das ventoinhas é necessário fazer uma série de estudos sobre o vento para salvaguardar o sucesso o projecto.
Além disso, a empresa também já iniciou os estudos de impacte ambiental, visto que a instalação dos parques eólicos está prevista dentro de uma zona protegida. “O plano de ordenamento do PNM prevê a instalação de parques eólicos, desde que se cumpram determinadas normas.
O facto de ser uma zona protegida poderá trazer alguns constrangimentos, visto que é necessário estudos de impacte ambiental. No entanto, é possível minimizar os impactos numa articulação entre todas as entidades”, sublinha Alexandre Carrelhas.
Entretanto, a empresa irlandesa continua com uma forte ligação à região, nomeadamente através dos protocolos celebrados com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com o Instituto Politécnico de Bragança e através da parceria com a Câmara Municipal de Bragança para a constituição do Bragança Parque.
Por: Teresa Batista
Jornal Nordeste
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